Os
estádios de futebol são o link perdido com o coliseu romano:
ao entrar, deixamos de ser quem somos e assumimos a violência
inocente de quem quer com golos ver sangue e o gladiador menos
querido morrer, sair em maca, ou melhor ainda, com um duplo
amarelo… portugueses como somos, povo de brandos costumes,
normalmente nunca chegamos a extremos físicos nem caímos em
situações ridículas onde o público não pode deixar de ser
actor.
Quando
estamos na bola, há energias que saem do corpo e que nos
libertam durante umas horas, da vida que temos portas fora do
coliseu, ou do estádio se preferirem. E ao faze-lo, provamos a
evolução de bárbaro que sofremos e que já não somos, quando
saímos. Darwin sempre teve razão quando falava na evolução
das espécies. Felizmente, parece-me, e apesar de tudo o que se
diga, os portugueses estão no topo da escala da evolução humana
. E os que não se adaptam saem para o ultramar
onde matam e morrem.
Do ultramar
tentam matar-nos com gestos cada vez mais primitivos.
Incrivelmente primitivos! Tão assim, como o convite absurdo
para assistir a uma partida de futebol ao vivo, da qual já
conhecemos o resultado, e pior ainda, onde perdemos.
Não
sei o que Vos diga: penso que talvez haja miséria a mais no
mundo, que talvez haja gente demais no mundo, que talvez se
pudessem repartir melhor os recursos…. mas há uma coisa que
é sagrada: matar, mata-se na arena, no coliseu, no relvado,
correndo, suando e goleando. Fora do coliseu é proibido
matar! É proibido incomodar quem quer que seja, é proibido
demolir edifícios vivos cheios de Gente - permitam-me a
redundância – Humana…
Pede-se
às pessoas sem educação que se dirijam ao estádio mais
próximo. Se isso não for suficiente, por favor, deixem-nos em
paz neste planeta e vão pró cara…